“Pode uma
Comunidade Cujo passado foi deliberadamente apagado, imaginar possíveis
futuros?” Mark Dery.
Estreando textos
por aqui, trago algumas curiosidades para os leitores sobre ciências humanas na
cultura Pop para colocar a mente para funcionar ao mesmo tempo em que nos
divertimos.
Iniciando pela obra
que já estrou nas telas, Pantera Negra dos Estúdios Marvel. Já vem se falando
nos meios digitais sobre a representatividade africana para nosso povo, e do
próprio paralelo com a organização política dos Estados Unidos (Os Panteras
Negras).
São excelente
abordagens para se fazer, mas aqui vamos para algo ainda não tão comentado
assim: a produção da Trilha sonora do filme. Sob a direção artística do rapper
Kendrick Lamar e seu grupo TDE, vem com diversas colaborações de artistas: SZA,
The Weekend, Jay Rock, Future, Saudi e etc. Existe também grande peso do compósito
Ludwig Göransson que acompanhou o artista africano Baaba Maal em turnê
realizando os estudos das sonoridades, instrumentos e ritmos diversos com
continente. Focaremos no álbum da colaboração dos diversos artistas rappers.
Inclusive ganhador do último Grammy (2018) de melhor álbum
de rap, Kendrick Lamar vem ganhando destaque e reconhecimento – não foi mero
acaso a escolha deste artista e seu grupo (TDE) para a produção das músicas que
iriam estar no filme.
Ok, mas o que tem de diferente dos outros filmes da Marvel?
Bem, as trilhas dos filmes são conhecidas por não arriscarem e não serem
marcantes e eis aqui uma oportunidade de arriscar e mover do que já feito,
sendo que com a produção musical vêm diversas ideias. Entre essas ideias o
conceito do Afrofuturismo.
Para a comunidade negra quando se referiam à África o que
vinha a mente eram os estereótipos de tribos, arcaico, deserto e outras imagens
que relacionam a algo primitivo. O conceito vem para criar uma possibilidade de
imaginar um futuro e melhor esperança para a comunidade de descendência negra.
Desde a década de 60 especialmente com Sun Ra, musico estadunidense abordava o
psicodelismo, misticismo, porém com a ancestralidade africana. Porém o termo só
viria na década de 90 com Mark Dery em seu texto “Black to the Future”:
Daí vem o questionamento no início do texto: Um povo que
teve um passado marcado por uma tragédia história, como a escravidão tem essa
chance de imaginar futuros, criar forças para exigir justiça social que passam
no presente? Pantera Negra é uma forma de postura a isso, com um cenário
futurista vindo de um país da África, com suas tecnologias e ainda mais: com
uma trilha sonora, que soma os ritmos de tambor com a tecnologia high tech de
Djs, musicalidades que somam algo que a princípio pode causar estranhamento, mas
estando juntas fluem como água.
Com essas abordagens, a letra de uma das músicas (All the
Stars – SZA, Kendrick Lamar) bem fala do sentimento que tem força de provocar
essa produção cinematográfica
“All the
stars are closer”
“Todas as estrelas estão Próximas”
Adyel Queiroz
Excelente texto, Adyel! Também pode-se destacar nesse filme a forma como o roteiro inteligentemente mistura elementos culturais africanos com tecnologia - as contas (beads) com dispositivos, o colar de dentes que contém o uniforme do Pantera Negra, o altamente tecnológico sapato que absorve todo tipo ruído, simplesmente batizado de "tênis". Nesse filme, o Afrofuturismo parece não estar associado as metrópoles e aos andróides de Janelle Monáe, mas sim a uma sociedade africana incrivelmente tecnológica que vive em simbiose com a natureza. Sou suspeito em dizer que é o melhor roteiro já escrito pela Marvel Studios.
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