Título Original: Alias Grace.
Autora: Margaret Atwood
Editora: Rocco
Nº de páginas: 511
Tradução: Gene Hirata.
Como as pessoas nunca tinham visto crime com tamanha
brutalidade, a população duvida que uma garotinha tinham sido autora de tal
barbaridade. Então a sociedade ficou dividida entre sua culpabilidade. Acontece
que Grace não agiu sozinha, sob a declaração de que tinha sido coagida pelo capataz
da casa, ela conseguiu se livrar da pena de morte, o capataz não teve tanta
sorte. Para não deixar Grace mofando na prisão, o ministro canadense a pôs para
servir sua família.
A história começa com um tal Doutor Simon Jordan – especialista
em doenças mentais - chegando na casa do ministro para conhecer Grace e com
isso escrever o último laudo a respeito da sua condenação. Pois Grace sempre
alegou não se lembra do que aconteceu naquele fatídico dia, quer dizer, ela não
lembra do assassinato em si. Então o governo por desencargo de consciência achou
melhor que Grace tivesse sessões de terapia.
Então ela começa a história contando que saiu da Irlanda com
sua família, com pai bêbado e mãe sempre enferma e seus cinco ou seis irmãos
(realmente não lembro). A família vem em busca do “américan dream”, lembrando
que naquela época o puritanismo estava em declínio e a era espiritualista
estava nascendo. Vindo em um navio
mercante com poucas coisas, a família Mark enfrentou verdadeiros infortúnios, ainda
mais depois que a matriarca da família não sobreviveu a travessia dos mares. E o
relato segue até depois dos eventos dos assassinatos.
Essa é uma das poucas obras que eu vejo muito de visual
nela. Acontece que algumas obras funcionam melhor na tela que nas páginas de
livros e Vulgo Grace é uma delas. Pois em muitas vezes por conta de um enredo
arrastado, o livro se torna maçante e cansativo. (Particularmente, minha opinião)
– Se você for ler o livro, não espere que ao final de cada capitulo tenha um
plot twist e que coisas extraordinárias aconteçam. Mas isso não acaba com a história,
pois apesar do seu ritmo, é extremamente poética. E você se intriga com
aquela jovem. Ela também fez uma participação na série, em uma cena especifica e teve até uma fala (Sabe qual foi a cena? dica na imagem acima).
O elenco escolhido para a série é outro show à parte, Sara
Gordon como Grace Marks está simplesmente espetacular. Também no elenco tem
Anna Paquin (X-men e True Blood), Zachary Levi e Edward Holcroft. Vale lembrar
que a série contou com a produção supervisionada da própria Margaret Atwood. Sarah Gordon e Edward Holcroft |
Atwood se inspirou em eventos e personagens reais para escrever
esse romance que beira a terror psicológico. Olhando em retrospectiva tem
muitos elementos de terror nesse romance – a começar com o assassinato e
terminando com personagens sendo atormentados por fantasmas, passando por uma
atmosfera densa e claustrofóbica (que é a mente de Grace). Em muitas partes você
se pergunta o que está acontecendo e levando em consideração aos relatos de
Marks, você vai querer que Thomas e pincipalmente Nancy sofram da pior maneira possível.
Margaret tem uma habilidade de criar personagens magnânimas,
tão profundas que podemos ver seu coração através da pele. Mais uma vez olhando
em retrospecto, trata-se acima de tudo de um romance intimistas e do quanto as
pessoas aguentam sobre seus ombros.
Autora
Uma das maiores escritoras de língua inglesa, Margaret
Atwood foi consagrada com alguns dos mais importantes prêmios internacionais,
como o Man Booker Proze (2000) e o Príncipe de Astúrias (2008), pelo conjunto
de sua obra, além de ter sido agraciada com o título de Cavalheira de L’Ordre
des Art et Lettres, na França. Tem livros publicados em mais de 30 idiomas e
reside em Toronto, depois de ter lecionado Literatura Inglesa em diversas
universidades do Canadá e dos Estados Unidos e Europa. Transita com igual
talento pelo romance, o conto, a poesia e o ensaio, e se destaca por suas
incursões no terreno da ficção científica, em obras como O conto da aia e Oryx
e Crake, ambos publicados pela Rocco.
O LeitorBuguês
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